quinta-feira, março 30, 2006

Sinais dos tempos

Ontem fui ali a correr ao Pingo Doce comprar pão quente para o jantar. Acabei por comprar um geladito e mais umas coisitas :) Gosto do Pingo Doce do Pinhal Novo, e não, não sou accionista, nem me pagam a publicidade... é apenas um facto. Abriu este mês depois de remodelação e senti-lhe a falta durante as obras. É um supermercado com as coisas boas das grandes superfícies e as coisas óptimas da lojinha de bairro, nomeadamente a simpatia das senhoras que nos atendem e a qualidade dos produtos. Pãozinho quente às 7 da tarde é muito agradável :)

Mas não foi o Pingo Doce que me levou a escrever. Já na fila para pagar, e ao olhar distraída as revistas no expositor, leio que as senhoras da classe média estão a entrar cada vez mais para o negócio do sexo. Não consigo recordar qual era a revista, porque o tema me incomodou e fiquei logo a cismar na coisa, já nem vi mais nada. Alguém disse em comentário ao mesmo que "isto já é um Brasil". E tem razão!
Nos jornais, nas revistas, na Internet, cada vez mais surgem mulheres de classe média que pretendem encontros casuais para sexo. E, ou pura e simplesmente cobram, ou sugerem que um detalhe em dinheiro é condição sine qua non para o dito encontro. Mais ainda, nas casas que se dedicam ao serviço de acompanhantes, cada vez são mais as mulheres casadas, mães, e oriundas da tal classe média. O negócio movimenta milhões de euros anuais.
Não vou discutir a moralidade disto, até porque não sou nada puritana neste tipo de coisas e acredito que cada um é dono e senhor de si e tem o direito de fazer de si e do seu corpo o que muito bem entender. Mas que o faça por dinheiro é claramente um sinal dos tempos... qualquer sociólogo nos dirá que os números relativos à prostituição são proporcionais à pobreza. Que esta pobreza se revele nas classes médias é grave e prova da situação triste que vivem muitas famílias, endividadas até às orelhas e a querer manter as aparências a qualquer preço. Até ao preço do prazer, do sexo que deveria partilha e gozo, e que é apenas dinheiro - e não vou dizer fácil, porque não creio ser nada fácil estar com alguém como forma de subsistência.
Realmente este país é "um Brasil"... os ricos cada vez estão mais ricos e a classe média na realidade está a desaparecer. Ou mantem-se à custa de situações mais que complicadas a nível familiar e pessoal.
Mas pronto, fazemos parte de um país europeu e queremos é ver choques tecnológicos... a que preço e com que consequências, ok, isso agora não interessa nada. No país do "amanhã logo se vê", isso agora não interessa mesmo nada.