quinta-feira, maio 31, 2007

Olhar de novo!

Recuperando a rubrica das quintas-feiras aqui vos deixo este olhar!
Fácil, né??


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quarta-feira, maio 30, 2007

Fechado!

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terça-feira, maio 29, 2007

Último Capítulo

Sábado ao final da tarde em La Coruña, um mar de gente pelas ruas, casais passeando tranquilamente perto da marina, turistas em busca dos locais mais emblemáticos da cidade, as esplanadas sem uma única mesa livre. Os Espanhóis vivem muito na rua, no convívio de bares e cafés, como todos os povos do sul de sangue quente e alegria contagiante, tão latina, uma forma de estar na vida, uma condição influenciada pelo tempo ameno que a partir de finais de Fevereiro já se vai fazendo sentir e que Serrat define quando canta as suas raízes afirmando um rotundo yo nací en el mediterraneo. Excepção seja feita aos Portugueses que parecem sofrer mais com as nostalgias e os fados da vida e que, nos últimos dez anos, adquiriram o mau hábito de se meterem em centros comerciais com a família toda porque é moda, porque parece bem passearem pelos corredores olhando as montras com olhos de quem não encontra o que procura, quando afinal não procuram nada a não ser a ilusão de serem o que não são. Eres muy dura con tu país! No creas que estamos mucho mejor…, e ela a explicar que apenas uma percentagem muito baixa da população tem acesso a bens de consumo comuns sem recorrer ao crédito, para já não falar de cultura… ela a fugir à conversa que se impunha, a tentar absorver a magia da cidade, a Torre de Hércules com o mar ali mesmo em frente, o mar que tanta energia lhe dava, que sempre a inspirava, e a tentar esquecer que, depois do que tinha acontecido, voltariam a ser apenas dois amigos de novo separados pela distância.
A ilusão do que poderia ter sido, adubada pelo sonho no jardim secreto do lado esquerdo do peito, desfazia-se a cada palavra sem que nenhum dos dois pudesse fazer nada. Olharam-se e adivinharam-se apesar do tempo. Na despedida ele abraçou-a como quem se agarra à última esperança, me has devuelto a la vida, e ambos sabiam que se tinham reencontrado no momento em que, por fim, se despiram do casulo de crisálida que fora o passado.
Na manhã seguinte ele voltou a Madrid, às responsabilidades familiares, aos seus projectos, à vida que dedicara a uma profissão demasiado exigente, mas desta vez com a certeza de que ainda lhe era permitido sonhar. E ela andou pela cidade à procura do que ali restava dos dois. Sentiu o sol no rosto, soube-lhe bem a solidão, a oportunidade de reflectir. Caminhou pelas ruas ensolaradas, e caminhou dentro de si mesma. Encontrou uma mulher inteira, que mesmo sem saber exactamente o que queria, sabia o que não queria. Dali para a frente a história seria escrita com o que ambos pudessem fazer do presente, com a consciência plena de que cada momento é irrepetível. Tinham, de facto, terminado com o passado, a tatuagem diluíra-se no suor da consumação, o casulo vazio permaneceria enterrado debaixo daquelas calçadas.
Meteu-se no carro e enfrentou a estrada de regresso. Quase a chegar a Lisboa, ligou para casa e quando a filha perguntou como tinha sido anunciou, com um sorriso aberto, Amanhã vou tatuar uma borboleta no pescoço!...

FIM



PS: Para o meu amigo Javier, pela sua fé inabalável em mim!

Conto original de Conceição Alves C. (... y este cuento se acabó!!)

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segunda-feira, maio 28, 2007

Boa semana!

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Já é segunda-feira, toca a acordar!! Cliquem na imagem ;)

Boa semana!

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domingo, maio 27, 2007

Capítulo Oitavo

O tempo que passara mastigara-lhes a alma. Eram duas pessoas diferentes daqueles jovens que, numa noite quase em vésperas de Natal, se tinham beijado intensamente na estação antes que o comboio da vida e as suas exigências os levasse por caminhos tão diferentes. Tinham alimentado os seus demónios à custa do gosto amargo das derrotas, construído pedra a pedra as suas defesas, pois nem sempre se ganha e é preciso prevenir sofrimentos desnecessários. E agora, naquele quarto de hotel, debitando tolices para fugir ao que realmente deviam dizer, procuravam nos traços um do outro os sinais da época extraordinária que tinham vivido juntos.
Saíram para jantar, Tienes que probar las patatas gallegas, son muy buenas!, claro que sim que provaria tudo o que ele quisesse, Confio en ti como siempre…, e era verdade. Partilharam a sobremesa porque ele continuava a não ser grande apreciador de doces e ela vivia em constante luta contra os quilos a mais, decidiram procurar a movida nocturna da cidade e quando encontraram um bar que servia caipirinhas ela sentiu-se em casa. De copo na mão sentaram-se nas escadinhas no meio de uma praça qualquer e ele descansou um braço nos ombros dela. Uma chuva miudinha fê-los procurar abrigo e correram de mãos dadas com a mesma naturalidade que o faziam antes. Andaram de um lado para outro até quase de madrugada, saltaram de tema em tema numa conversa imparável, e chegaram à conclusão que tinham tomado a decisão certa. Tengo la sensación de haber estado contigo la semana pasada!, Sí sí, parece que el tiempo no ha pasado y empiezo a creer firmemente que has sido calvo toda tu vida…, Que mala eres!, e riram da pequena maldade dela, desse sentido de humor que tinham em comum junto com tantas outras coisas.
Amanhecia na Cidade de Cristal quando ele a levou ao hotel e regressou ao seu. Caiu na cama e dormiu um sono pesado até os raios de sol a despertarem já depois do meio-dia. Ele devia estar quase a sair da sessão de sábado no congresso de ginecologia e ela cheia de preguiça, enrolada nos lençóis de onde só saiu quando ele bateu à porta e teve que ir abrir.
Todavia de pijama? Que perezosa eres!, ela riu-se e entrou na casa de banho enquanto ele se estendia na cama e fechava os olhos cedendo ao cansaço de uma noite sem dormir. Depois do duche, envolta na toalha, deitou-se ao lado dele e dormiu de novo. Acordou com o olhar dele a perscrutar-lhe o rosto. Como es que duermes tanto?, Yo que sé, tu estavas dormido, me senti tranquila, estar contigo siempre me ha dado esta sensación de paz, de que nada malo puede pasar!, sorriram e ele achou que talvez pudessem agora falar daquela última noite e do beijo que nunca tinham esquecido. Mas ela não queria falar disso, podiam falar de tudo, mas não daquele beijo, não da tatuagem que traziam no peito, porque se o fizessem…, Te quiero!, e o perfume pairava no ar e os lábios dele procuraram os dela. Não havia forma de fugir e ambos sabiam disso. Voltou a beijar-lhe a boca, chupou-lhe a língua ávida, a paixão a acender-lhes a pele, a eriçar-lhes os pelos, a impedi-los de pensar e as mãos dele já no calor dos seios e a descer à procura da evidência da vontade de o receber. Penetrou-a quase a medo, devagarinho, mas ela puxava-o para si, as ancas inquietas a colarem-se ao corpo dele. Fizeram amor numa pressa, num cio pesado, acumulado durante anos. Os gemidos sufocados dela acompanharam o bater mais rápido do coração dele e a explosão dos sentidos, por fim sem as reticências e as incertezas de quem tem apenas vinte anos. Abraçaram-se, o cheiro a sexo colado à pele e todos os vazios preenchidos ainda com a intensidade do acto.
Conto original de Conceição Alves C. (quase a terminar...)

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sábado, maio 26, 2007

Capítulo Sétimo

… …
Naquela noite há mais de vinte anos, ao jantar, olhavam-se como a tentar adivinhar os pensamentos um do outro. Registavam mutuamente os gestos um do outro, cada movimento da boca ao mastigar, o brilho do olhar. Algo indefinível cruzava o ambiente, a tensão dos momentos que antecedem os grandes acontecimentos instalara-se à mesa com eles, invadia-lhes os músculos e impedia a conversa de fluir como era habitual neles.
Saíram num passeio breve, entraram num bar porque ela não vivia sem café e deixaram-se ficar com a música a entrar-lhes pelos ouvidos e a companhia um do outro a preencher todos os espaços vazios que traziam na alma ainda virgem. Pela primeira vez sentiam o apelo do corpo, vá-se lá saber porquê naquela noite, depois de tanto tempo de amizade inocente. Ele pousou-lhe o braço sobre os ombros mas desta vez sentiu que o perfume dela lhe entrava pelas narinas e se espalhava por todas as suas veias e artérias deixando um rasto de calor. Era um perfume suave que contrastava com a natureza quase sempre agreste dela. Ela olhou-o como a querer adivinhar o que pensava. Os rostos tão próximos e ele sem coragem, sem saber se valeria a pena arriscar a rejeição, sem saber se queria pagar o preço de um momento.
Saíram dali. Caminharam ao longo da rua que levava à estação dos comboios, alguns rapazes falavam e riam muito alto e ele agarrou-lhe a mão no habitual gesto protector. Na estação ela queixou-se do frio e ele enlaçou-lhe a cintura, e outra vez o perfume dela a acender-lhe os sentidos. Sentiu-a tremer e aconchegar-se nele, abraçaram-se e ele beijou-lhe a testa e o nariz gelado. Te voy a echar de menos!, Y yo a ti, e a proximidade das bocas, os olhos mergulhados nos olhos em busca de um sinal, a estação com as suas luzes e ruídos de gente que ia e vinha de repente a desaparecer e a dar lugar ao silêncio da noite, o tempo suspenso na brisa fria de Dezembro, a respiração de ambos mais pesada. Ela tocou-lhe os lábios com os dedos e ele beijou-os. Agarrou-lhe a mão e a boca dele colou-se à dela. Sentiu-lhe a humidade da língua, o sabor adocicado da saliva, sentiu-lhe o corpo a encostar-se todo nela, sentiu-lhe a urgência incontida do desejo desbordante de paixão.
Quando se afastaram ambos sentiam a dor inconfessável da tatuagem recente mas não falaram do que acabava de acontecer. E não voltariam a ver-se. Por muito tempo, demasiado tempo.
… …

Conto original de Conceição Alves C. (... e continua, pois então!)

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Andam a gozar com a nossa cara, certo?

ISTO só pode ser um engano!!

Andamos a fechar urgências, maternidades e escolas por todo o país para conter a despesa pública, congelamos progressões de carreira e salários, exigimos sacrifícios a um país cujo número de famílias endividadas aumenta todos os dias e cuja taxa de desemprego é a mais elevada dos últimos 10 anos, mas oferecemos estádios aos outros!
Ainda se fosse uma escola ou um hospital, mas um estádio???

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sexta-feira, maio 25, 2007

Rodrigo

... ou D.Rodrigo, sei lá, que é um docinho não há dúvidas!
Pena que apareça sempre demasiado vestidinho... pois é, menin@as, não se encontram imagens do rapaz em poses mais atrevidas! Será que é tímido, que se acha feio? O que é certo é que na lista dos mais sexys da revista People já aparece antes do Brad Pitt...

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Pensavam que me esquecia dos jeitosos?? Naaaaa... nunca vos deixo ficar mal ;)

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quinta-feira, maio 24, 2007

Capítulo Sexto

Quando ele a convidou para se encontrarem num fim-de-semana em La Coruña e a perspectiva de voltar a vê-lo se tornou real afastou todas as perguntas sem resposta e aceitou.

A auto-estrada estendia-se à sua frente, um corredor cinzento ladeado de cores que à medida que avançava para norte percorriam a paleta impressionista de verdes e castanhos inundados do sol de Inverno, o céu daquele Fevereiro quase primaveril na linha do horizonte sempre distante e a embriaguez da velocidade a empurrar o pé de encontro ao acelerador. Perto do Porto lembrou-se da 125 azul e sentiu-se a correr para lado nenhum. A mensagem dele no telemóvel despertou-a a tempo de evitar maiores excessos. Pedia-lhe cuidado, e ela só pensava em encurtar a distância que os separava, para terminar de uma vez com tanto sentimento contraditório.
Depois da fronteira parou numa área de serviço, pediu um café e uma água e não fosse o gosto quase desagradável do café, nunca tinha percebido porque é que os espanhóis têm um café tão mau, e teria esquecido o facto de ser estrangeira naquela Galiza tão próxima. Já a caminho de Santiago o verde da paisagem tornou-se mais denso e saiu da auto-estrada sem saber por onde seguia. Apetecia-lhe o silêncio do bosque de carvalhos centenários, como se a magia daquele lugar, que não conhecia senão das antigas histórias irlandesas que falavam dos actos heróicos dos celtas da esquina peninsular, se entranhasse na sua pele até alcançar o lugar onde a ancestralidade mais profunda ilude os sentidos. Os Gregos acreditavam que, não muito longe dali, o Cabo Finisterra, era o fim do mundo, e os Romanos, que conseguiram conquistar os filhos de Breogán, falavam das mulheres galegas com admiração dizendo-as mais ferozes que lobas ao acompanharem os homens na protecção das suas famílias. Saiu do carro e caminhou no estreito carreiro de terra amarelada desbravado entre arbustos verde esmeralda, ramos de heras e plantas rasteiras ainda sem flor, viu o tronco envelhecido cheio dos nós do tempo no enredado de trepadeiras, e soube que era ali que devia estar. Encheu os pulmões do ar perfumado do cheiro da terra húmida e sentiu-se forte naquele lugar que exalava séculos de ruralidade. A natureza entrava-lhe no corpo por todos os poros, deleitava-lhe os sentidos, numa comunhão sublime. Sentou-se e teve a certeza que a Grande Deusa, a Grande Mãe, tinha ali a sua casa de pedras e ramos, de riachos e cascatas férteis e frutos selvagens, cálice da sabedoria acumulada por gerações de um poderoso feminino. O fim do Inverno naquela encruzilhada de beleza perfeita perdida entre o ontem e o amanhã mostrava-lhe que o passado é apenas isso e que o podemos visitar mas não recuperar, que pode permanecer em nós no saber de experiências feito que nos faz entender o presente mas que nos deve servir apenas para desejar o futuro. Tal como a natureza guarda em si a memória do Inverno enquanto entra alegremente na Primavera e se prepara para o tempo de todos os frutos. Foi quando viu a mulher de rosto enrugado que a olhava sorridente. Lembrou-se das meigas gallegas e sentiu um arrepio. Nom te faço mal! Nom te afastes do caminho da Vida, a voz era profunda e parecia vir do seio da terra, do fim dos tempos, um conselho soprado pelo vento que se levanta à passagem de um cometa quando Neptuno em Aquário convida à renovação, à busca da liberdade e da satisfação dos sonhos. E o arrepio tornou-se espanto, e o medo sobrepôs-se à curiosidade enquanto os olhos da velha a seguiam pelo carreiro de terra amarelada de volta ao carro. Era hora de seguir em frente. E já na estrada, e embora se soubesse dona e senhora da sua vontade, não conseguiu fugir de um sentimento de inevitabilidade, de impotência perante o destino.

Chegou a La Coruña antes dele. A cidade fervilhava na aproximação do fim-de-semana. Seguiu pelo Passeio Marítimo até ao hotel. Apreciou a proximidade do mar e entrou decidida para fazer o check-in. Subiu até ao quarto que ele lhe tinha reservado e meteu-se rapidamente no duche. A água lavou-lhe do corpo os mais de seiscentos quilómetros percorridos, afastou o cansaço e a imagem da mulher no bosque de carvalhos pareceu-lhe apenas uma ilusão mágica. Achou-se bonita, já sem os traços da juventude, mas com aquela beleza que vem da segurança e serenidade que só podemos encontrar nas mulheres depois dos quarenta. Espalhou creme no corpo com gestos firmes, perfumou-se e vestiu-se. Retocou os cabelos e o rosto.
Pouco depois ele ligou a dizer que estava no átrio do hotel e ela pediu-lhe que subisse. Surpreendeu-a a tranquilidade com que lhe abriu a porta e lhe disse que entrasse, não era normal nela essa ausência de ansiedade. Reconheceu a envolvência calorosa do abraço dele, afastou-se, acendeu um cigarro e foi até à janela e ali se quedou ao mesmo tempo que falavam da viagem e de coisas sem importância alguma. Observavam-se. Teria dado qualquer coisa para saber o que ia na cabeça dele e sabia que ele pensava o mesmo. Ela fumava, de pé, junto da janela. Sentado na cama ele inspirava o ar que lhe trazia o perfume dela.


Conto original de Conceição Alves C. (... ainda continua!)

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quarta-feira, maio 23, 2007

Mãe

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Hoje terias cumprido 68 anos da tua vida de girassol em busca da luz.
Tenho-te em mim e, ainda assim, a saudade tem o teu nome. Amo-te, Mãe!

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terça-feira, maio 22, 2007

Capítulo Quinto

A vida afastara-os. Nunca percebera bem porquê nem como.
E agora, de pé frente ao telefone, hesitava também sem perceber porquê. A filha animou-a - Vá, liga. Se não ligares nunca vais saber se é mesmo ele e vais odiar-te por não teres tido coragem!
Ligou. Do outro lado, a recepcionista da clínica respondeu num tom de voz mecanizado, el doctor no está en la consulta hoy. Si quiere llamar mañana o dejar su contacto para que la llame, e ela a pensar que era uma chatice, e ela a pensar que amanhã sabia lá se ia ter coragem de ligar outra vez.
Mas ligou. Já que tinha começado o melhor era ir até ao fim. A recepcionista pareceu-lhe mais humana que no dia anterior. Podia até sentir-lhe o sorriso do outro lado da linha, el doctor pidió para pasar la llamada en seguida. Uns segundos de espera que lhe pareceram demasiado longos e logo depois aquele Hola, que tal estas? Hace mucho tiempo… Era ele, não restavam dúvidas, reconheceria aquela voz mesmo que tivessem passado cem anos. Te acuerdas de mi?, Como olvidarte mi querida amiga, e as palavras dele a chegarem expiradas aos seus ouvidos. Sentia-lhe a respiração e sabia que ele estava tão confuso como ela. A cascata de emoções que viajava pelo seu corpo a velocidade estonteante não a deixava pensar com clareza. De tal forma que, por momentos, sentiu-se enjoada. Há tanto tempo que não falava espanhol, faltavam-lhe palavras. Mas a voz dele soava carinhosa nos seus ouvidos, tu voz está igual y sigues hablando un español perfecto. E foi-se deixando embalar… como antes ele tinha o poder de a fazer sentir segura. Há pessoas que despertam o melhor que existe nos outros e ele era uma dessas pessoas.
Falaram durante muito tempo. Não sabe quanto ao certo. Nem importa. Tinha milhares de coisas para lhe dizer e confundia-se ao mesmo tempo que tentava parecer o mais natural possível. Ele lembrava-se de coisas que ela tinha escondido no mais fundo de si e já tinha esquecido exactamente onde. Custava-lhe remexer no passado e custava-lhe despedir-se. Mas ele tinha que voltar à consulta. Trocaram contactos, números de telemóvel, endereços de e-mail… garantiram um ao outro que não se deixariam perder outra vez. Besos, hasta luego… E desligaram. Pensou que afinal este era mesmo o seu século de eleição, nunca se teriam perdido um do outro se naquela época tivessem a parafernália tecnológica de hoje à sua disposição.

A filha levantou-se, Acordei a ouvir-te falar espanhol! Ena, ena, já falou com o seu amigo…, e riu-se de a ver assim atarantada. Durante horas andou pela casa sem saber bem o que fazer. O seu coração batia ao compasso dos centésimos de segundo no relógio e não sabia se era alegria ou apenas o tempo que passava.
Tinha que falar com alguém, contar o que estava a passar, largar lastro, ou não poderia manter o barco à superfície. Mas isso é história de filme, disse a Ana que tinha acudido à sua chamada para tomarem café. Concordou que era bonita a história, se é que havia história, porque tudo estava em aberto e dependia do que, daí para a frente, decidissem fazer.
Sentia vontade de largar tudo e ir a Madrid surpreendê-lo com mais uma ousadia. O seu espírito intenso de borboleta que vive tudo num só dia, a forma como deixava o coração adiantar-se a ela própria, era para ele algo incompreensível e admirável. Ele sempre tão racional, com os pés tão bem assentes no chão. E ela a alçar voo por tudo e por nada como se não houvesse amanhã. Mas era loucura a mais. Não podia fazer tal coisa. Tinha que controlar aquele querer tudo para ontem.

Ficou-se pelo envio de uma pequena mensagem para o telemóvel dele. E durante quase um mês reviveram o passado em conversas intermináveis, afundaram-se no tempo que tinham perdido, remexeram feridas mais ou menos cicatrizadas porque a vida não se compadece de ninguém e ambos tinham a sua conta de histórias vividas por separado. Passaram noites unidos pelo frio de repente aquecido de um computador ligado à internet, e ao som da mesma música olharam juntos o nascer do sol, ela em Lisboa, ele em Madrid. Porque me llamaste? perguntou ele. Não sabia responder.
Original de Conceição Alves C. (...continua)

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segunda-feira, maio 21, 2007

Maddie? E os outros...!?

Também vou escrever sobre a Maddie e juntar-me a mais um teatro mediático. Até me lembrei da morte daquele jovem actor, o Francisco Adam, colhido por um acidente de viação como tantos outros da sua idade e cujo último adeus a este mundo foi violentado pelo espantoso gozo que este país tem na visão do sofrimento alheio.

Serei breve, talvez até curta e grossa, desculpem-me os pais da Maddie de quem não consigo sequer imaginar o sofrimento, porque tenho dois filhos e não concebo a vida sem eles!
Cabe perguntar quantas crianças são raptadas, maltratadas, abusadas, negligenciadas e até assassinadas no nosso país? Quantas desapareceram sem rasto? E já agora quantas têm direito a este tratamento VIP por parte da nossa imprensa diária e semanal, dos nossos blogs, das nossas televisões e rádios? O que é que torna a Maddie tão especial? Ou antes, o que é que torna os outros tão pouco especiais? E porque é que ninguém se lembra que os pais da Maddie deixaram as crianças sózinhas enquanto foram encher a barriguinha com as delícias da gastronomia algarvia?

Pois, bem me parecia que não há resposta para estas perguntas!

Era suposto rezar pela Maddie, ou fazer um minuto de silêncio ao meio-dia de hoje. Como a Maddie tem um país inteiro a pensar nela, eu preferi concentrar-me na Sofia, na Cláudia, no Rui Pedro, no Rui Manuel, no João, no Jorge, na Ana, na Rita... alguns deles desaparecidos há tanto tempo que, a estarem vivos, já são jovens adultos, e saberá Zeus com que cicatrizes no corpo e na alma, sem nunca terem tido direito a tempo de antena durante o intervalo de qualquer evento desportivo ou à voz activa dos famosos a apelar por eles.


É bem verdade que, da vida, e tantas vezes por motivos inconfessáveis, alguns são filhos e outros apenas enteados!!

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sábado, maio 19, 2007

Capítulo Quarto

… …
Caminhava sempre muito direita, seios erguidos e olhos postos no horizonte, o passo rápido e decidido. Nunca desviava o olhar do seu caminho. Saía com a desculpa de ir passear a cadela quando via os rapazes do bairro sentados na relva como num tapete verde que, ditas as palavras mágicas, pudesse levantar-se no ar e desaparecer em direcção às estrelas do final da tarde. Sabia que eles a olhavam curiosos, sabia que lhe seguiam os movimentos. Por isso passava por eles petulante, as ancas numa provocadora sensualidade semi-adolescente, sem sequer lhes dirigir um olhar.
E num desses fins de tarde a pergunta surgiu por entre os risos abafados – Muerde? – A surpresa incomodou-a mas depressa se recompôs. Mas com quem pensava ele que se metia? Como se não soubesse da piadinha sem graça que viria a seguir… voltou atrás já com as garras de fora, olhou-o no fundo dos olhos, respondeu que não sustentando o olhar e, antes que ele pudesse dizer fosse o que fosse, rosnou-lhe um pero yo sí! que o deixou sem palavras. E seguiu em frente no seu passo habitual, sem se importar com as gargalhadas divertidas da pandilla.
Ele deve ter-se sentido desafiado e a partir daí cumprimentava-a e um dia até ganharam coragem para começarem a conversar. A Conchi conhecia o pessoal e dizia que ele era un chico impecable, ela concordava. Perguntou-lhe se gostava dele, e ela lançou-lhe um não repleto de espanto. Nunca tal coisa lhe passara pela mente, estranhou a pergunta da amiga mas não dedicou muito tempo a pensar no assunto.
No entanto, era com ele que se sentava nos baloiços do parque para falarem durante horas a fio. Foi por ele que se deixou convencer a ir a uma festa do PSOE, ela tão de centro-direita, foi ele que a levou de bar em bar pelas ruas boémias de Madrid, caminhando no empedrado humido entre paredes escurecidas por décadas de descuido, aqui e ali cortadas pela luz dúbia dos locales cheios das conversas intelectuais dos que perseguiam o sonho de ser artistas e dos sons das guitarras espanholas, a mão envolta na mão dele, segura e protegida. Quando voltava a Portugal era dele que sentia saudades e era a ele que escrevia cartas cheias de sonhos, projectos e cumplicidades. Quando a mãe mudou de casa foi a ele que convidou para uma visita. E por fim, e apesar do namorado que tinha em Portugal, foi a ele que permitiu o abraço envolvente e aquele beijo do qual guardara para sempre a doçura.
Conto original de Conceição Alves C. (continuará...)

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sexta-feira, maio 18, 2007

Capítulo Terceiro

E o Carnaval quase a chegar. Não gostava de carnavais, muito menos de carnavais trapalhões ou de imitações de carnavais brasileiros, não conseguia perceber que graça tinha desfilar uma quase nudez em pleno Inverno na tentativa de trazer a Portugal os costumes e a alegria do outro lado do mar, incomodava-a a forma tola como o seu país se deixava influenciar e assimilava as tradições de outros em deterimento das suas - um dia ainda havia de ir a um verdadeiro Carnaval, ao do Rio de Janeiro não, ao de Veneza que se aproximava mais das suas fantasias de ter vivido outra vida noutro século, muito antes deste.
Tivera a sua dose quando as crianças andavam no colégio... noites sem dormir a recortar moldes, placas de espuma e tecidos coloridos, costurar, pintar, colar e montar pinguins, moranguinhos, joaninhas e guerreiros do espaço. Felizmente já estavam crescidos e nenhum deles apreciava máscaras. Era um alívio não ter que disfarçar um certo mau humor associado à época por causa deles. Os três falavam do mesmo aborrecimento, da chatice que era levar com balões de água ou suportar o mau-cheiro dos sprays e das bombinhas que os colegas espalhavam na escola. "Brincadeiras parvas!", diziam numa arrelia.
Falavam dos tempos em que viviam no seu Alentejo, mas da festa recordavam apenas a bivó debruçada sobre o grande alguidar onde ia juntando os ingredientes das filhós e azevias de grão, as mãos já cansadas mas ainda firmes a enterrarem-se na farinha, o cheiro de erva-doce, canela e aguardente a encher a casa e o amor que ela deixava fermentar junto com a massa, tudo tapado com um pano branco imaculado... o que se riam ao vê-la beber um copito de anis, enquanto estendia a massa com o rolo de madeira em cima da enorme mesa da cozinha "A bivó vai ficar com os copos, vai sim!" E fugiam, aos saltos pelo corredor, a adivinhar a ameaça da colher de pau quando ela se fingia ofendida. Chamava-os desde a cozinha assim que acabava o recheio de grão, "Venham depressa, vamos começar a fritar as azevias, quem quer rapar o tacho?" Nunca mais tinham comido pastéis de grão como os da Bivó. Bem tentara pôr em prática a receita, mas perante o desalento dos filhos, desistira. Os sabores e os aromas que povoavam a sua memória aí ficariam para sempre...
Abriu o outlook com gesto descuidado para ver o correio recebido entretanto. Alguns e-mails de amigos a desejar bom Carnaval, o mesmo de sempre. Os olhos percorriam a lista de remetentes e ia seleccionando o que era para apagar sem sequer abrir. Pedro Pacheco? Quem é este? Não tinha qualquer indicação de spam e não fazia parte da publicidade que recebia habitualmente. Resolveu abrir. E ali estava o nome dele diante dos seus olhos, a morada de uma clínica e um número de telefone de Madrid, e os votos de que a informação fosse correcta. Já nem se lembrava que tinha pedido para o procurarem. E agora? Que fazer com aquilo? Mas que raio de ideia, como se não tivesse coisas suficientes para pensar!
Escreveu a morada e o número num papel e guardou-o com os pensamentos que se desenrolavam no seu cérebro quase à velocidade da luz. Sentiu-se bem, podia tentar falar com ele ou não, mas não estava já condicionada pelo facto de não ter forma de o fazer. Afastou uma ligeira insegurança, um quase-medo de que ele não se lembrasse dela. Médico ginecologista..., afinal sempre tinha seguido medicina. Lembrou-se de tantos sonhos partilhados, e encheu-se de orgulho por ele que os tinha perseguido e tornado realidade. Imaginou-o num consultório de cores claras a observar as pacientes, os olhos brilhantes e atentos, aqueles olhos amendoados que tantas vezes mergulhavam nos seus tentando adivinhar-lhe a alma, o cabelo negro e rebelde. Imaginou-o a medir grandes barrigas grávidas, a observar úteros e a palpar mamas. Adivinhou-lhe a paciência, o toque suave, a doçura na voz, a tranquilidade inspiradora.
Tinham passado 24 anos desde a última vez que se viram. Não podia ter certezas mas uma certa intuição dizia-lhe que, tal como ela, ele não tinha mudado assim tanto.
Conto original de Conceição Alves C. (continua...)

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Brad Pitt

Ontem não houve olhares, nenhum gato se disponibilizou para lançar aquele pestanejar que tanto nos encanta ;) Sorry, sorry, sorry!!
Mas não perdem pela demora... aqui está a vossa compensação, sem adivinhas, absolutamente grátis para @s minh@s querid@s amig@s, the man we dream of! Love U all... and love him, oh yessss!!!


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Cada imagem tem link para outra ;)... dose dupla! Cuidado que não é aconselhável a quem sofra do coração! Depois não digam que não vos avisei...

Beijokas, e aproveitem que vem aí um belo fim de semana de praia :)

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quarta-feira, maio 16, 2007

A malta passa-se, não!?

Isto é normal? Ai Mourinho, Mourinho, são uns brutos, não compreendem o teu amor pelos animais!


Notícia de última hora para os apreciadores de melões. Se forem depressa pode ser que ainda apanhem um... grande melão! Eu cá gosto mais de cerejas ;)


- Biblioteca de Viena. Boa tarde, como podemos dar-lhe prazer hoje?
- Olá, sou a Irmtraud, a dona-de-casa que não gosta de ler...
- Olá Irmtraud, minha flor do Danúbio. Tenho aqui o que precisas! Prepara-te, minha querida - Posso sentir a tua boca macia fechando-se sobre mim, a tua perna apertando-me com força, voltar a ver-te aqui na cozinha levantando o vestido e sentando-te em cima de mim*...
- Olha, desculpa interromper. Mas a Anaïs Nin não tem por aí nenhuma história de sexo selvagem em cima da máquina de lavar durante a centrifugação? É que estava agora mesmo a preparar a barrela da semana...
*in Henry e June - Do Diário Intimo de Anaïs Nin (Pag. 177)


Será que estes leporídeos andaram a ver Prison Break? Ou então era o camionista que estava ao telefone com a Biblioteca de Viena...

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terça-feira, maio 15, 2007

Capítulo Segundo

Há coisas que não sabemos explicar. Sequências de acasos ou situações que parecem obra de um destino marcado do qual não se pode fugir, coincidências demasiado coincidentes para serem apenas coincidências, como se num céu feito de estrelas, luas cheias e poeiras cósmicas tudo se conjugasse para nos decidir o caminho. Acreditava nesse destino que abre portas ou que constrói muros à nossa volta. Mas também acreditava que é possível rasgar janelas, derrubar paredes e escapar, embora nunca na impunidade total. Não negava a luta e tinha aprendido recentemente que tudo tem um preço, por vezes tão elevado que desmerece o esforço.
Eram outras histórias... delas queria reter apenas a aprendizagem despejada de lágrimas ou lembranças. Sentou-se ao computador sem objectivo certo. Abriu o browser e começou a navegar na vastidão de páginas. Aquele mundo imenso de realidades mais ou menos virtuais, de informações mais ou menos úteis, notícias mais ou menos tristes, de curiosidades e ideias e novidades e sonhos dava-lhe um gozo difícil de dispensar. Era o seu terceiro olho, a janela do conhecimento e da descoberta que lhe saciava a fome.
A página surgiu do nada, ocupava todo o ecrã do monitor numa provocação à saudade. Era a segunda vez no mesmo dia que pensava nele. E porque não tentar saber? Na pior das hipóteses ele guardaria dela apenas uma recordação poeirenta num arquivo qualquer entre como-foi-que-nos-perdemos e já-nem-me-lembro-da-tua-cara. De qualquer modo, detestava arrepender-se de não ter tentado. Vamos lá então!, escreveu rapidamente o nome, a última morada conhecida - durante as férias dela em casa da mãe viviam na mesma rua, passeavam no parque do mesmo bairro, riam com os mesmos amigos, conversavam horas a fio, partilhavam gostos, silêncios e cumplicidades e trocavam cartas que falavam de ausência, de planos e sonhos - informações que considere relevantes... e as letras a juntarem-se em palavras naquela outra língua que sentia como quase sua, em frases que não diziam do tempo que passara por ela mordendo-lhe os flancos e obrigando-a a seguir sem olhar para trás nem do jardim secreto onde entrava pela porta do lado esquerdo e se sentava nos baloiços da memória..., gravar, deseja alterar ou acrescentar alguma informação?, não, enviar. E pronto, a partir dali já não estava nas suas mãos.
Conto original de Conceição Alves C. (continuará num destes dias...)

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A pouca distância do céu...

3 dias de tranquilidade absoluta, de absoluto encantamento!


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domingo, maio 13, 2007

Capítulo Primeiro

Sentada no sofá da sala, a cabeça cheia de nada ou de um tudo que mais valia fosse nada, o livro nas mãos e os olhos postos além da realidade fantasiada no ecrã da televisão, deixava passar o tempo através de um túnel que parecia não ter fim à vista. Há momentos na vida em que simplesmente não há amanhã. E o vazio nem sequer incomoda porque a única coisa que existe para o preencher é uma dor sem nome.
E, de repente, num vislumbre de dia, um som familiar entrou-lhe pelos ouvidos. Abriu os olhos - ou será que estavam já abertos? - e as imagens na televisão despertaram-lhe os sentidos. As memórias avivadas pelo som desenharam um sorriso no rosto fatigado: Que seria feito dele? De que cores seria o seu mundo? Que caminhos percorrera, teria olhado as flores na berma e encontrado coragem para as levar consigo e responsabilizar-se por elas?
O som continuava a acariciar-lhe os ouvidos e a arranhar-lhe o coração dormente. Entrou por momentos no jardim secreto por trás do espelho brilhante dos seus olhos. E lá estavam os dois, sentados nos baloiços que tinham pendurado da árvore onde o gato malhado de mistério se ria deles e da sua inocência. Sorriu outra vez, sacudiu a preguiça e o desencanto com um encolher de ombros, fechou a porta que do lado esquerdo leva ao jardim, pousou o livro e levantou-se. Pensou que todas as escolhas feitas na sua vida não tinham passado de erros crassos. Pensou que não devemos censurar-nos tanto. Que algures, dentro de cada um, deve existir a capacidade de nos perdoarmos a nós mesmos, e de, a partir dos escombros causados, tentar a reconstrução diária da alma... e entrou na cozinha para cumprir mais uma vez o ritual da preparação do jantar porque há razões mais fortes que qualquer desejo de fuga e os filhos deviam estar a chegar.


Conto original de Conceição Alves C. (a continuar um destes dias...)
Imagem: Alice in Wonderland, The Cheshire Cat by Lisa Evans (aqui)

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segunda-feira, maio 07, 2007

Um par de dias e...

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Esta semana não vou estar muito por aqui... tenho uma viagem para preparar!

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Isto já são horas de almoço...


Atrasei-me... por isso substitui-se o habitual desayuno por esta saladinha colorida e saudável. Bom apetite... E boa semana para todos!

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domingo, maio 06, 2007

Poema à Mãe




No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

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Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves
.


Eugénio de Andrade, in Os Amantes Sem Dinheiro (1950)

Pablo Picasso, Mother and Child

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Dia da Mãe

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Quem é Mãe sabe que o foi ainda antes de conceber, no dia em que desejou sê-lo. Sabe que o é sempre, desde o primeiro dia e até ao fim da sua vida. Porque o amor de uma Mãe é o único que existe sempre e incondicionalmente em todos os momentos e situações. É assim para mim e também o foi para a minha Mãe.

Tenho saudades tuas Mãe, e todos os dias, desde há 12 anos, sinto falta da tua presença amorosa na minha vida!

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Um excelente dia para todas as Mães!

* Pietá de Miguel Angelo / Peça de artesanato afro-americano / Mother and Son de Gustav Klimt

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sábado, maio 05, 2007

Ando a ouvir Radiohead outra vez

Gosto de música inglesa, música inovadora e alternativa! Gosto de música que se fundamenta em personalidades e pontos de vista que saem do usual mainstream. Uma boa letra é no mínimo 50% de uma boa canção e é-me difícil apenas ouvir a música se a letra não falar comigo. A não ser que esteja numa discoteca e o objectivo seja apenas mover o esqueleto e atordoar os ouvidos.
Isto para explicar o gosto pelos Radiohead, a banda de Oxford que surgiu no final dos anos 80 e teve o seu primeiro grande sucesso com Creep, single do primeiro album Pablo Honey em 1993. Durante algum tempo parecia até que Creep era a única razão de ser dos Radiohead, tal foi a popularidade desta tema. Não é por acaso que raramente a tocam ao vivo - recusam a facilidade, o imediatismo. E vão muito mais longe, experimentando novas sonoridades que acompanham o ambiente algo soturno das letras. Algumas das suas canções mais marcantes nem sequer foram lançadas em CD, permanecendo um pouco na penumbra e conhecidas apenas dos fãs da banda. Que são muitos!



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Os Radiohead são, pela ordem das imagens acima, Thom Yorke (voz, guitarra e piano), Jonny Greenwood (guitarra, teclado e piano), Ed O'Brien (voz e guitarra), Collin Greenwood (viola baixo) e Phil Selway (bateria).


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A criação musical da banda insiste nos temas que marcaram a cultura dos finais do século 20, dominada pelo existencialismo urbano, a tecnologia, a doença e o amor das letras depressivamente estranhas de Thom Yorke.
Lançaram 6 albuns, dos quais o terceiro, OK Computer, é considerado o mais extraordinário e inovador tendo arrecadado o Grammy Award for Best Alternative Album de 1997. Junto com Urban Hymns dos The Verve, este album foi considerado o grande sopro de ar fresco no desmaiado Britpop Movement. Ainda hoje é considerado um dos mais importantes albuns de sempre e colocou os Radiohead na categoria de grandes estrelas dos 90, ao lado dos U2 ou dos R.E.M.
Os albuns seguintes consolidam a qualidade inovadora da banda, ora enveredando por sons mais electrónicos e experimentais, ora regressando à força das guitarras, mas sempre com arranjos de uma meticulosidade complexa. Prevê-se o lançamento do seu sétimo album no segundo semestre deste ano.


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"If you want to be entertained, go and see Hanson"
"I love life, but there's so much shit to deal with"
"Insight is someting I always see to be harming more than words ever will do"
Thom Yorke

People are aware, but not that bothered.
(As pessoas estão conscientes, mas nem por isso estão incomodadas)
The most essential thing in life is to establish a heartfelt communication with others.
(A coisa mais importante na vida é estabelecer uma comunicação sincera com os outros)
It's easy to be miserable. Being happier is tougher - and cooler.
(É fácil ser infeliz. Ser feliz é muito mais duro - e mais fixe)
Radiohead (excertos de entrevistas)

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sexta-feira, maio 04, 2007

Bruce Willis

Escolhi o Bruce Willis esta semana porque me disseram que só gosto de homens com cara de meninos! Não é verdade... a maioria dos preferidos da Caixinha de Pandora já estão acima dos 40, embora muito bem conservaditos (basta pensar no nosso magnífico Brad Pitt, no Keanu, no Nicolas Cage ou no Depp...)! Que injustiçada me senti, eu que até gosto de feios cheios de charme.

Enfim, cá vai o Bruce então... muito quarentão, ar de duro, careca, mas senhor de muitas caras, de um talento enorme e de um charme à prova de qualquer adversidade. E claro, com todas estas qualidades, a sua ex-mulher Demi Moore só podia fazer o que fez - trocou-o por um ainda nos 20! Ehehe... sou tão mázinha!

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Embora não fosse muito fácil, a Jacky e a Cris acertaram à primeira ;)

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quinta-feira, maio 03, 2007

Spiderman 3

Estreou hoje o terceiro filme do Homem-Aranha. Não é que ande numa de personagens de banda desenhada transpostas para o cinema, mas é difícil dizer não ao meu rapazinho de 13 anos.

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E bem, lá fomos... e se querem saber, gostei mais deste que dos anteriores. Pelo menos apresenta um super-herói mais verosímil, dividido entre poderes, entre ceder ao desejo de vingança e deixar-se consumir por ele ou resistir e sair do lado mais negro da sua condição humana. Os efeitos especiais são muito bons, os vôos do Spidey melhoraram bastante, os maus não são apenas maus, o Peter Parker tem momentos em que não é tão tontinho como de costume (parece que Tobey Maguire finalmente cresceu na construção do seu personagem), e embora os dentinhos da Kirsten Dunst me irritem, um James Franco mais maduro acaba por compensar.

A banda sonora é fantástica, com prestações muito conseguidas dos Snow Patrol e dos YeahYeah Yeahs. Está tudo no site do filme a que podem aceder clicando aqui.
Se gostam do género certamente não vão perder o vosso tempo. Ah, já me esquecia, preparem-se para um close-up do Spiderman a chegar ao local da acção com a bandeira americana como fundo... propaganda dispensável claro, mas passa e nem o mais fanático anti-USA sai de lá traumatizado com a imagem, ehehe!

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