O Inominável
Passei ali no Palácio de Sua Alteza Real a Princesa Sissi... gosto de a ler, muito!
E a propósito deste post de Sua Alteza lembrei a educação liberal que tive... liberal, tendo em conta que nasci em Évora, em 1960, frequentei o Colégio das Irmãs Doroteias e lidava diariamente com famílias alentejanas bastante tradicionais.
E a propósito deste post de Sua Alteza lembrei a educação liberal que tive... liberal, tendo em conta que nasci em Évora, em 1960, frequentei o Colégio das Irmãs Doroteias e lidava diariamente com famílias alentejanas bastante tradicionais.
Sempre achei estranho que as minhas amigas comentassem, completamente em estado de choque, ter visto o pai nú, ou terem descoberto que os pais praticavam o tal acto inominável.
Na minha casa, a nudez não se exibia propositadamente, mas também nunca se escondeu. Os meus pais dormiam com a porta do quarto entreaberta, mas quando estava fechada eu sabia que não podia entrar e sabia que o inominável estava em pleno desenvolvimento. Fui habituada a pensar que duas pessoas que se amam fazem sexo e que isso faz parte da vida e da natureza humana. Quando tive idade para compreender também soube que se faz sexo sem amor. E que isso também faz parte da natureza humana. Imagino que o meu pai continue sexualmente activo e cheio de vitalidade (ou não se teria preocupado com a ligeira inflamação da próstata que o levou a fazer exames e a descobrir ainda muito a tempo o cancro que começava a desenvolver-se!) e isso alegra-me bastante.
Lembro-me que na praia só comecei a usar a parte de cima do bikini quando eu mesma achei que o devia fazer. Nenhuma das minhas amigas a tirava e eu seguia a onda, claro! Mas adorei quando, muito mais tarde, passou a ser moda tirar. E ainda hoje uso bikini, apesar da minha barriguita cortada ao meio por duas cesarianas, apesar de ter amamentado as minhas crianças e isto estar numa de ceder à força da gravidade. Azar... gosto de mim assim, e se me olham não me preocupa que vejam aquilo a que, ternurenta, chamo as marcas do amor pelos meus filhos.
Os meus filhotes são educados da mesma forma, e muito francamente, penso que é muito mais grave ouvir os pais numa discussão daquelas feias que ouvir gemidos de amor e prazer.
Ambos sabem que eu e o pai deles nos amámos e praticámos bastante o inominável ;)
Depois do divórcio também nunca escondi o meu segundo relacionamento e creio bem que devem ter ouvido algumas coisas. Não sou, nem gostaria que os meus filhos pensassem em mim como uma boneca de porcelana. Claro que não lhes ando a contar detalhes da minha vida íntima, nem aprovo promiscuidades, cada um tem o seu espaço que não partilha se não desejar fazê-lo. Mas sabem que sou uma mulher inteira, um ser humano com as suas qualidades e fragilidades, com as suas paixões, amores e desamores! Sabem e admiram isso.
São ambientes e formas de educar, e as pessoas crescem de modos muito diversos. Mas aqui para nós Sissi, que ninguém nos ouve, não tenha medo! Os miúdos aprendem a respeitar, e a respeitarem-se, quando as coisas são encaradas de forma natural. Muito mais grave é o que eles ouvem todos os dias sobre as injustiças e crueldades do mundo que nos rodeia. Agora lembrei-me do John Lennon... :) até logo!