Insónia
Aproxima-se 2007. Quanto mais rápido melhor!
Porque 2006 foi tão mau, mas tão mau pra mim que só quero ver-lhe o fim... e esquecer que alguma vez existiu.
Quero que 2007 nasça de um parto sem dor e "O que me dói não é o que há no coração, mas essas coisas lindas que nunca existirão... São as formas sem forma que passam sem que a dor as possa conhecer ou as sonhar o amor... São como se a tristeza fosse árvore e, uma a uma, caíssem suas folhas entre o vestigio e a bruma..." (Fernando Pessoa, 1933)
Ai, a insónia que vai ficando e traz mais e mais palavras. Não sei onde deixei o lápis de cor...
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo... A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.
- Por favor... Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer. (Antoine de Saint Exupéry)
- Por favor... Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer. (Antoine de Saint Exupéry)