sábado, julho 15, 2006

Let's talk about sex, baby...

... mas como tenho a mania de estragar tudo, também sobre doenças! Porque eu gosto de sexo, mas tenho um medo do caraças de morrer. E mais que a morte, aterroriza-me a doença... ... tretas! Aterroriza-me mesmo é a doença que causa a morte, porque se for uma doençazita qualquer, mesmo das mais complicadas, desde que seja curável, o pessoal reza, may the force be with us e trata-se.

Eu tinha 20 anitos quando se começou a falar de SIDA.
Era uma coisa meio distante que andava a passar-se com os homossexuais americanos. Muita gente dizia que era castigo pelo seu vício. Enfim, naquela altura só se usava preservativo para não ter criancinhas. Entre gente casada, então, era mesmo raro porque a maioria das mulheres tomava a pílula. E lembro-me de várias mulheres absolutamente fiéis aos seus maridos que andavam sempre nas idas ao médico com queixas relacionadas com doenças venéreas. Que eles, os maridos, lhes passavam tranquilamente sem qualquer sentimento de culpa. Muitos recusando até fazer o tratamento conjunto que se exige. A ignorância sobre estas questões malditas do sexo sempre foi abundante e, o pior é que continua a ser.

Depois morreu o António Variações, depois tive um colega que também morreu de SIDA, e a coisa aproximou-se. Depois apareceram casos em mulheres e tudo mudou. Afinal aquilo não era só a ira divina a cair sobre as paneleirices. Ah, pois, também há bissexuais. E homossexuais que não saem do armário e casam e tem filhos com as suas mulheres e continuam a ter encontros com homens . E toxicodependentes que são de ambos os sexos e que partilham seringas. E hemofílicos que recebem factor 8 infectado...
Ou seja, a coisa passou a ser mesmo grave. E espalhou-se como num rastilho de dinamite! Mesmo nos grupos sociais que, à partida, não eram de risco.
Pouco a pouco (muito pouco mesmo), as pessoas foram tomando consciência da gravidade da doença e das formas como se pode transmitir. Depois da histeria colectiva que permitiu a discriminação de pessoas infectadas e as isolou da sociedade, creio que hoje já há informação suficiente para sabermos que com alguns cuidados básicos é possível evitar o HIV.

Mas, e há sempre um mas, apesar da informação não é fácil, principalmente para o portuguesito que tem este hábito de cair na dormência quando algo se torna o pão nosso de cada dia. Numa relação casual é simples exigir o uso de preservativo. Mas quantas são as mulheres ou os homens que na sua relação estável o fazem? E quantos são os que não pulam a cerca? E mesmo que não pulem agora, podem já ter pulado. Então como fazemos, exigimos certificado de saúde para só depois entrar nos meandros da paixão desenfreada? Ok, já sei, sempre com preservativo... tudo bem! Ah, e ao contrário do que dizia o Clinton, sexo oral também é sexo...

Creio eu que entre os casais com uma relação estável o uso de preservativo não é regra geral, e pronto! Quem sabe, talvez daqui a muitos anos a protecção se torne tão habitual que também passe a ser comum entre duas pessoas que se amam e que confiam cegamente uma na outra. Por enquanto não é. E é complicado chegar à cama e "olha, vamos fazer com camisinha!"... levanta muitas questões, desde o que raio pensas que andei a fazer até ao, mais grave ainda, que raio andaste a fazer. É difícil lidar com isto, mexe com a dita confiança sem a qual nada feito. E o pessoal não arrisca, pois. O que mostra bem a nossa burrice natural. Não arriscamos a relação mas arriscamos a vida. A verdade é que pensamos sempre que só acontece aos outros. E a(o) gaja(o) até tinha um ar tão lavadinho...

E sabem que mais, a culpa desta conversa toda é da fresquinha (comentadora assídua deste blog - :) obrigada pelo privilégio!) que, a propósito do penteado no post anterior, me enviou estas:


Photobucket - Video and Image Hosting Photobucket - Video and Image Hosting






Como alguém disse, os publicitários andam imparáveis... e cada vez mais criativos!

Bom fim de semana, e protejam-se se fazem favor ;)